
Sobre o Amor (Ou Quase Isso)
Acordar.
Sem tem que se preocupar com o que vem por ai.
Simplesmente acordar.
Abrir os olhos e enxergar aquela pessoa ao seu lado.
Enxergar o rosto dessa pessoa.
A quem tu confiaste teu coração.
E vice-versa.
E saber que está tudo bem.
Enxergar.
Não apenas ver.
Ver é simplesmente passar o olhar por ai, sem se importar muito.
Enxergar é ir além.
É saber o que cada ruga significa e quais delas são de sorrisos e quais são de preocupação.
É ter a certeza de continuar a amar, seja na beleza corporal da juventude, seja quando o corpo diminuir e se enrugar na velhice.
Enxergar é manter um brilho diferente no olhar por toda a vida e todo amanhecer.
E é preciso saber amar de verdade para enxergar.
E continuar.
Os anos passam e as visões mudam.
A juventude fica para trás com sua beleza temporária.
Seu discurso pronto de paquera.
E o falso entendimento de tudo sobre a vida.
Os anos passam e nenhuma plástica será capaz de manter o modelo de rosto bonito padrão.
Talvez mantenha, mas a essência terá maior importância.
O corpo e a mentalidade mudam, mas o coração permanece.
Pois ele sempre sabe o caminho correto a seguir.
E para onde olhar.
Chegará o momento em que os remédios se tornarão constantes.
Em que a casa ficará vazia.
Em que a memória falhará.
E que a companhia do outro será cada vez mais um porto seguro.
E a melhor companhia que se tem.
Mas não espere chegar ao fim para perceber o que sempre esteve claro:
Amar não é corpo.
É alma.
E por isso é tão importante.

